6 de novembro de 2012

O que eu bebi por você.

   "O que eu bebi por você não tinha motivo nenhum. Era mais pra molhar a garganta e deixei descer as coisas pra dentro, sentir arder a garganta e dar um longo bocejo esperando o mundo desaparecer. E quando uma coisa só não funcionava, eu misturava tudo num copo só pra ver se dava jeito. Mas não tinha jeito e o efeito só me fazia cair de um lado pro outro como se eu fosse algum equilibrista numa corda bamba – o que me fazia lembrar que era exatamente assim que eu me sentia com você.
   Eu só bebi por você pra ver se eu conseguia enxergar dois de você com a minha visão turva – com sorte a outra me quereria se você não me quisesse de vez. [...]
   Eu bebi pra ver se o mundo rodopiava na minha frente e me deixava de frente pra alguma versão de você que me quisesse. [...]
   Eu bebi por você pra ver se as coisas coloridas dariam jeito no meu humor cinza. Pra revirar o estômago e ver se matava as borboletas envenenadas. Pra botar pra fora tudo o que nem adiantava eu dizer pra você – porque isso não ia mudar qualquer tipo de sentimento que você tivesse, ou a falta deles.[...] 
   O que eu bebi por você tinha uma dose de brinde e brigas.
   E eu bêbado de novo."

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