Não
escrevo para você, não escrevo para mim nem, tampouco, sobre mim. Escrevo para
tudo: tudo que sou, tudo que não sou, tudo que gostaria (ou não) de ser.
Escrevo para tudo que vive. Escrevo porque, no papel, as palavras encontram o
seu lugar. Escrevo o que penso, não, necessariamente, o que sinto. Escrevo
sobre o que me inspira. E nem tudo que me inspira realmente me importa. A
escrita é minha (sur)presa.
Confesso:
tenho muitos insights. Mas, quem escreve sabe que as coisas não têm que ser tão
reais. Há sempre um toque de fantasia na mão de quem rabisca, seja lá o que
for. Arte: a manha de desengarrafar (en)cantos. Eu não
escrevo em harmonia, as palavras se jogam no meu papel e encontram o seu
próprio lugar, seu próprio ritmo. Eu escrevo bagunçado, desorganizado,
desalinhado, nas entrelinhas, escrevo às quatro da manhã só porque senti
vontade. Êxtase. Escrevo para me esvaziar e para me preencher. Escrevo
para não falar, as palavras são o meu silêncio e, ao mesmo tempo, a minha voz.
Escrevo
porque sou contraditória. Não, eu não escrevo.
Eu expulso as palavras, eu liberto as palavras. Escrevo porque gosto. Porque
sei, porque não sei, porque ainda estou aprendendo. Escrevo porque sou assim.
Ou sou assim porque escrevo? Escrevo por nada e escrevo por tudo. Escrevo para
me entender e para me confundir. Escrevo porque eu e a escrita temos um caso de
amor. Escrevo curto. Escrevo porque não tenho razão. Escrevo porque
gosto de (in)versos.
Escrevo,
apenas, sem obrigação de ser.
(via Entre-minhas-linhas)
(via Entre-minhas-linhas)
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